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Alice Portugal é uma destacada no Congresso em defesa da Bahia e do Brasil. Foto: internet |
Dando sequência à serie “Eleições
PCdoB 2014”, o Portal Vermelho entrevista nesta segunda-feira (18) a deputada
federal Alice Portugal. A dirigente baiana faz um apanhado de sua trajetória de
lutas e aponta quais são os desafios a serem enfrentados pelos comunistas nos
próximos anos.
Alice Portugal, nascida e criada
em Salvador, começou sua história de engajamento no movimento estudantil da
década de 1970, tempos de repressão quando qualquer atitude de contestar o
regime militar era considerada subversiva. “Sou da geração da porta das
cadeias, nós lutamos pela anistia, pela Constituinte, ajudei a colocar centenas
de jovens nas ruas. Fui do movimento universitário e colaborei com a construção
do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) de 1979. Ingressei nos
quadros da Universidade Federal da Bahia (Ufba), como farmacêutica bioquímica.”
A perseguição política permanecia
pelos agentes da ditadura. Mesmo assim, em 1981, Alice ingressou na luta
sindical e foi eleita presidente do Sindicato dos Servidores da Ufba. “Cheguei
a ocupar a Executiva Nacional da CUT pelo sistema de cotas quando fazíamos
parte desta corrente sindical, sendo companheira de lutas de João Batista
Lemos, líder operário que hoje ocupa a presidência estadual do PCdoB no Rio de
Janeiro.”
“Em 1995, o PCdoB me lançou a
deputada estadual na Bahia, fui eleita e exerci dois mandatos seguidos. Minha
prioridade era a luta para as mulheres ocuparem espaços de poder. Em 2006, fui
eleita deputada federal e hoje estou no terceiro mandato. Luto para fazer um
parlamento mais ativo e altivo, ao mesmo tempo mantendo as relações com as ruas
e o movimento social, pois isso está no DNA dos comunistas. Sempre me empenhei
para levar adiante a bandeira vermelha do nosso partido.”
“Vamos para mais um desafio, sou
candidata a mais um mandato como deputada federal, esperando que todo mundo
deste país que conheça um baiano, peça um voto para dar continuidade a este
projeto guiado pelo PCdoB”, afirma.
Combate à miséria extrema
A deputada considera que os 12
anos de governos progressistas foram fundamentais para o povo brasileiro. “Nós
obtivemos com esses governos grandes conquistas no campo social. Na Bahia, por
exemplo, saímos de uma universidade pública para seis em menos de 12 anos,
constituiu-se essa rede de institutos federais pelo Brasil. Na área econômica,
redimensionamos a nossa natureza enquanto nação, livrando-nos das amarras com o
FMI. Tais fatores colocam o país em outro patamar de desenvolvimento.”
Alice afirma que os desafios para
a constante transformação do Brasil ainda são grandes. “Precisamos aprofundar
as mudanças, continuar o combate à pobreza extrema, apesar de termos tirado 40
milhões de brasileiros da miséria. Somos um país com 200 milhões de habitantes
e precisamos proporcionar mais avanços na área da saúde e educação à altura do
que a população necessita. Outra questão fundamental é reduzir o poder
econômico nas campanhas eleitorais fazendo uma grande reforma política
democrática.”
Carlismo nunca mais
A deputada comunista afirma que
grandes passos foram dados nos últimos oito anos na Bahia. “O estado é do
tamanho da França, o Brasil nasceu aqui. A cidade de Salvador foi fundada em
1549 e hoje possui três milhões de habitantes. Durante 40 anos a Bahia foi
governada pela oligarquia carlista que colocou o estado no rodapé das condições
sociais do país, uma realidade caótica.”
“Há oito anos essa situação mudou
completamente com a vitória de Jaques Wagner para governador. Vemos uma nova
conjuntura de conquistas para o povo, com novas estradas, mais acesso à saúde e
educação, combate às desigualdades, acesso à moradia. Hoje não se governa mais
com um chicote na mão e um saco de dinheiro na outra. O grande desafio é manter
os avanços e combater o retrocesso.”
Mais política para mulheres, mais
mulheres na política
A Câmara Federal possui 513
deputados sendo que apenas 45 mulheres. “Nós somos um percentual muito pequeno
na política diante do papel que já exercemos na sociedade. Somos a maioria das
aprovadas em concursos públicos, também a maior parcela dos professores
universitários, temos um grande acesso nas carreiras jurídicas; a mulher tem se
destacado em vários cargos e profissões, mas infelizmente isso não se reflete
na política, fruto de uma herança de uma cultura machista milenar. A reforma
política irá jogar um papel fundamental para aprofundar as políticas
afirmativas de participação feminina nas decisões de poder do país”, conclui.
- Por Laís Gouveia, da Redação do
Vermelho