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O PT e suas lideranças têm sido investigadas pelo MP e PF, enquanto os dos outros partidos ficam livres. Foto: Brasil 247 |
Autoritário, discricionário e
vingativo, uma espécie de Leviatã adormecido desperta no seio do Estado e
persegue (apenas) os petistas, sejam os seus parlamentares (deputados e
senadores), sejam os seus governantes (ex-presidentes, governadores e prefeitos),
passando por ministros, empresários e jornalistas de alguma maneira associados
ao Partido dos Trabalhadores. Tal perseguição, tendenciosa, seletiva e sem
trégua, por vezes ao arrepio da lei, representa verdadeira e irreparável
violação ao Estado Democrático de Direito.
Nada contra que sejam punidos
políticos flagrados em falcatruas e desvio de recursos públicos – inclusive os
do PT. Ao contrário até! Mas, insisto na pergunta: por que só são investigados,
presos, submetidos a linchamento público e condenados (nessa eloquente falta de
ordem mesmo) indivíduos ligados ao Partido dos Trabalhadores?
Por que os políticos pertencentes
a partidos como PMDB, PSDB, PP e PTB, notórios "saqueadores" da
República, são poupados tanto pelo Ministério Público como pelo Judiciário,
pela Polícia Federal e pela grande imprensa?
A impressão que nos resta, em
verdade quase que uma certeza, haja vista que esses fatos são gritantes,
escancarados é que para os amigos vale o beneplácito da dúvida e os privilégios
de uma Justiça cega, que protege os chamados "donos do Brasil" (e os
correligionários destes), já para os petistas... Vale o rigor da lei – e, por
vezes, vale recorrer a atos jurídicos imperfeitos e, digamos, heterodoxos ao
arrepio da lei.
Mas por que só para os petistas?
Insisto. E por que só agora?
Por que, neste caso, e só neste
caso, o pau que dá em Chico, não dá em Francisco?
Outra impressão que fica é que
está em marcha uma perseguição política aos membros desse partido nunca vista na
breve história de nossa jovem democracia, e que só guarda alguma similitude com
os famigerados Comandos de Caça aos Comunistas, em tempos idos.
Por vezes, parece que a Polícia
Federal está sendo utilizada como uma espécie de polícia política, e que, nos
interstícios de um aparente Estado
Democrático, rasteja, silente,
finório, oportunista, um Estado de Exceção a serviço de uma classe dominante.
Será que os chamados "donos
do Brasil" resolverem por fim "se livrar dessa raça" de uma vez
pondo um fim nos petistas?
Será que estes senhores, tão
cheios de aparentes virtudes, não têm o mínimo pudor em se utilizar dos
aparelhos do Estado (e de seus servidores) para dar um aspecto legal àquilo
que, na verdade, é o velho e redivivo espírito do arbítrio, do conservadorismo
e do autoritarismo a serviço da manutenção do establishment?
- Por
Lula Miranda, Poeta,
cronista e economista. Além de colunista do 247, publica artigos em veículos da
chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório
da Imprensa e Fazendo Média.