sexta-feira, 31 de agosto de 2007

"ISSO NÃO VALE" É O LEMA DO GRITO DOS EXCLUÍDOS DESTE ANO

''Isso não Vale! Queremos participação no destino da nação'' é o lema que vai nortear as manifestações que ocorrem em todo o país, durante o dia 7 de setembro no Grito dos Excluídos. É também o tema do plebiscito popular que acontece de 1o a 7 de setembro, quando a população brasileira pode se manifestar, por meio de voto, se a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), privatizada no governo de Fernando Henrique Cardoso, deve continuar nas mãos do capital privado.
Silvano da Silva, representante da Pastoral da Juventude do Brasil, disse que ''mais importante que o resultado, o plebiscito tem repercussão positiva na colocação do tema para debate público, na participação popular neste debate e no exercício do plebiscito como mecanismo legítimo para ouvir a opinião pública''.
Ele lembrou o resultado positivo dos outros dois plebiscitos já realizados pelos movimentos sociais. ''Em 2002, nós fizemos plebiscito sobre a Alca, um assunto que muita gente nem conhecia e, a partir do resultado, conseguimos evitar o avanço das negociações sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas)'', disse, atribuindo também ao plebiscito a suspensão das negociações do Brasil com os Estados Unidos para a venda da Base de Alcântara, de lançamento de foguetes, no Maranhão.
No plebiscito sobre a Alca, 98,32% dos mais de 10 milhões votantes disseram não ao tratado. Além da Alca, também foi realizada, em 2000, uma consulta popular sobre o pagamento da dívida externa.
De acordo com pesquisa feita pelo Instituto GPP divulgada na imprensa, 50,3% dos brasileiros são favoráveis à retomada da CVRD pelo governo federal; apenas 28,2% são contrários.

Manifestação paralela

O Grito dos Excluídos, que completa, este ano, 12 anos de sua realização, é uma manifestação paralela às comemorações do Dia da Independência ou ao Grito da Independência. Os organizadores do evento - entidades da sociedade civil e movimentos sociais – concederam, nesta quinta-feira (30), em Brasília, entrevista coletiva sobre o plebiscito e o lançamento do Grito dos Excluídos de 2007.
Marina dos Santos, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), destacou o plebiscito como instrumento importante ''na defesa das nossas riquezas e do nosso patrimônio'', acusando o governo Lula de estar aprofundando o processo de desnacionalização. Segundo ela, ''existe uma ofensiva do capital internacional sobre as nossas empresas e recursos naturais, o que representa perca da soberania e nos coloca em posição de colônia, dependente do capital financeiro internacional''.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

TRABALHADORES NÃO CANSAM DE LUTAR

Trabalhadores em educação de todo o Brasil paralisam suas atividades, nesta quarta-feira. Trata-se do movimento em defesa do piso salarial nacional. Em Jequié, a APLB promoveu manifestação pública, na Praça Ruy Barbosa, como forma de chamar a atenção das autoridades locais para a necessidade urgente da aprovação do Estatuto do Magistério e do Plano de Carreira. os trabalhadores estão cansados de tanta embromação das autoridades com relação as causas da categoria. O ato serviu também para os professores denunciarem a situação caótica de escolas no Município, conforme foi falado durante a manifestação.

LEVANTE SUA BANDEIRA, CONFERÊNCIA NACIONAL DA JUVENTUDE

Em artigo inédito, o Secretário-Adjunto Nacional de Juventude e Vice-Presidente do Conselho Nacional de Juventude, Danilo Moreira, fala sobre os preparativos da Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude e sobre a relevância desta para a juventude brasileira.
Por Danilo Moreira*
Inicia-se no final do próximo mês de setembro e conclui-se em março de 2008 a 1ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude, promovida pelo Governo Federal. Serão seis meses de intensos debates sobre a realidade da juventude e as ações do poder público, voltadas para os mais de 50 milhões de brasileiros e brasileiras entre 15 e 29 anos. Esperamos chegar ao final deste processo participativo com a definitiva afirmação do tema juventude na pauta das políticas públicas o que, por si só, não seria um objetivo modesto.
Houve um tempo em que juventude era apenas sinônimo de futuro como se esta fosse um eterno porvir. Da mesma maneira eram tratadas as políticas públicas direcionadas para este segmento. Talvez por isso, é que chegamos ao início do século XXI, com preocupantes indicadores sociais relacionados a emprego, escolaridade e segurança pública, dentre outros. Tal situação, também é reflexo de anos seguidos em que o ritmo da economia vinha sempre acompanhado de palavras como recessão e estagnação.
Diante disto e desde já, levantamos algumas questões para os debates que se avizinham. Até que ponto o que chamamos de “problemas da juventude” não seriam, de fato, a negação de direitos básicos à educação de qualidade, ao trabalho decente, à cultura, ao esporte e ao lazer? Será que determinados comportamentos “violentos” não estariam associados a falsas expectativas criadas por uma sociedade de consumo onde o ter é mais importante que o ser? Será que a situação em que ainda se encontra parcela da juventude brasileira pode servir para generalização da imagem de dezenas de milhões? Será que reconhecemos a capacidade de sonhar e lutar por uma nova realidade, reiteradamente demonstrada por esta mesma juventude?
Essa Conferência não surge do acaso. É resultado de uma caminhada iniciada ainda no primeiro mandato do presidente Lula, quando se somaram diversas vozes dos movimentos juvenis, da sociedade civil e das forças políticas que partilhavam do sonho de um Brasil decente, sob a liderança de um presidente operário. Um Brasil que superasse uma visão da juventude-problema e que reconhecesse esta parcela da população como sujeito de direitos e agente de mudanças.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

JEQUIÉ PRESENTE NA II CONFERÊNCIA NACIONAL DAS MULHERES

Uma delegação representativa, formada por 143 mulheres da Bahia, participou da II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em Brasília, num total de 2.800 delegadas de todo Brasil. Jequié esteve presente com duas delegadas, a professora Claudenice Santana e a vice-prefeita Rita Rodrigues, ambas eleitas na Conferência Estadual, realizada entre os dias 3 a 5 de julho, em Salvador.
Várias autoridades compareceram na abertura do evento, como o Presidente Lula, ministros e deputados, e representantes dos movimentos feministas e emancipacionista, como a representante da UBM, a sra. Liége Rocha.
Segundo Claudenice, “a Conferência Nacional foi um momento importante para se definir as políticas públicas para as mulheres no Brasil. Ficou claro que a luta emancipacionista deve estar casada com a luta pela transformação de toda sociedade. Só assim conseguiremos uma sociedade realmente com igualdade para todos”, afirma.
Rita Rodrigues, por sua vez, diz que as mulheres, além de terem suas bandeiras específicas, como a valorização do trabalho da mulher e a implementação da lei Maria da Penha, elas devem lutar para conquistar mais espaço político. “É através dos espaços no Legislativo e no Executivo que podemos, com mais força, colocar em prática nossas bandeiras de igualdade e respeito mútuo. A conquista destes espaços vai depender do nível de consciência política das pessoas, da força do movimento social e das lutas organizadas das mulheres”, conclui Rita.

Por Gidásio Silva

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

EM SETEMBRO, CURSO DE FORMAÇÃO POLÍTICA EM JEQUIÉ

Nos dias 01 e 02 (sábado e domingo) de 2007, a Direção Executiva do PC do B de Jequié realizará mais um curso de formação política este ano, conforme deliberação da Comissão de Formação Estadual e Nacional. O curso acontecerá na tarde do sábado do primeiro dia, das 14 às 18h e das 8:30 às 12:30h, no domingo. Estão convocados todos os membros do Diretório Municipal, os integrantes dos Organismos de Base e lideranças com vida partidária ativa. O conteúdo do curso será o seguinte: Socialismo, Tática - estratégia e Partido. "Nesse momento, queremos preparar polica e organicamente o Partido para as tarefas do dia-a-dia e também para os futuros embates. A formação política é, sem dúvida, um desses instrumentos para o nosso fortalecimento orgânico e teórico", afirma Gidasio, Coordenador da Secretaria Municipal de Comunicação do Partido. Portanto, os militantes devem reservar o tempo em suas agendas para essa importante tarefa partidária.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

III CONFERÊNCIA DA CIDADE: A POPULAÇÃO FORÇANDO A DEMOCRATIZAÇÃO DAS DECISÕES

A Prefeitura Municipal de Jequié realizou a III Conferência da Cidade, nos dias 9 e 10, em parceria com os governos Estadual e Federal. Foi um importante momento para se debater o problemas do município com a população. Várias propostas foram apresentadas para se construir uma cidade cada vez melhor.
Com o tema “Avançando na gestão democrática das cidades”, os debates fluíram de forma rica e proveitosa durante os dois dias, no Auditório da Universidade e Estadual do Sudoeste (UESB). Com grande participação popular, a Conferência foi agraciada com debatedores do nível da Dra. Maria Del Carmen-CONDER, Dra. Graça Torreão-SEDUR e o Dr. Homero Saes-SEDUR, profundos conhecedores e estudiosos da questão urbana.
Participante ativa da Conferência, a vice-prefeita de Jequié, Rita Rodrigues, considerou o evento muito positivo. “Houve grande participação popular e dos setores organizados. O relatório final aprovado buscou contemplar as diversas propostas da comunidade envolvida nas discussões. Percebemos que o povo quer participar efetivamente das decisões sobre os rumos da cidade”, afirma.
O relatório da Conferência será encaminhado às diversas Secretarias do Município e do Estado para que elas elaborem seus planos de ação, observando as demandas e propostas aprovadas. “O gestor público tem que ouvir a população antes de fazer qualquer obra ou construção. Esse foi a tônica da Conferência. A definição de prioridades deve ser feita de forma democrática e não nos gabinetes fechados. Dessa forma é possível acerta nas decisões e satisfazer as pessoas envolvidas no processo, nas diversas localidades. Construiremos uma cidade mais humana e justa com a participação de todos”, afirma Rita Rodrigues.
Antes do encerramento das atividades, os presentes elegeram os delegados que irão participar da Conferência Estadual em Salvador, no mês de setembro.

Para se obter o Relatório da Conferência envie e-mail para: ritas65@yahoo.com.br

Por Gidasio Silva

sexta-feira, 10 de agosto de 2007



Os Democratas quebraram a cara: na pesquisa encomendada pelo partido, o resultado foi pela reestatização da Vale do Rio Doce. Por que será que tem ex-presidente muito quietinho?

Maioria dos brasileiros é a favor da reestatização da Vale, diz pesquisa
Em pesquisa com 2 mil pessoas, 50,3% disseram ser a favor da retomada da empresa pelo governo, ante 28,2% contrárias à medida. Instituto realizou a sondagem a pedido do DEM, o antigo PFL. Plebiscito popular sobre a Vale acontece em setembro. A reportagem é de Antonio Biondi para a Carta Maior, 15-06-02007.

A maioria dos brasileiros é a favor da retomada da Companhia Vale do Rio Doce pelo governo federal. Segundo pesquisa realizada entre os dias 19 e 22 de maio pelo Instituto GPP – Planejamento e Pesquisa, 50,3% dos brasileiros são favoráveis à retomada da empresa, que vem acumulando seguidos recordes em seus lucros, faturamento e investimentos. Outros 28,2% são contra a medida. E 21,5% disseram não saber responder.

De acordo com a assessoria de imprensa do instituto, a pesquisa ouviu duas mil pessoas em 17 Estados brasileiros no período citado. A margem de erro máxima é de 2,2%, para cima ou para baixo dos resultados obtidos. E o principal corte da pesquisa diz respeito à idade, de forma que todas as pessoas ouvidas possuíam 16 anos ou mais.

Carta Maior teve acesso aos dados completos, e pôde constatar que a pergunta era simples e direta, apresentada da seguinte forma: “agora gostaria que dissesse se é a favor ou contra da seguinte medida: o governo retomar a Vale do Rio Doce”.
Nas regiões, a pesquisa apontou que o Norte do Brasil é onde existe maior apoio à medida: 62,5% dos entrevistados são favoráveis à retomada da empresa. No Sul, o número fica em 47,6%, ante 49,7% no Sudeste, 37,3% no Centro-Oeste e 52,9% no Nordeste. Já os 28,2% contrários apontados pela pesquisa são 20,3% no Sul, 30,5% no Sudeste, 24,2% no Centro-Oeste, 31,1% no Nordeste e 24,6% no Norte.
A quantidade dos que não souberam responder é maior no Centro-Oeste (38,5%), ante 32,1% no Sul, 19,8% no Sudeste, 16,0% no Nordeste e 12,9% no Norte.
Por fim, a pesquisa aponta que o apoio à retomada da empresa é maior nas regiões metropolitanas do país (54,1%) do que nas capitais (52,5%) e interior (47,6%). Nas capitais, 29,2% são contra a medida, número próximo aos 29,4% nas regiões metropolitanas e 27,3% no interior. Os números apontam que no interior é maior a quantidade de pessoas que não souberam responder: 25,1%, ante 18,3% nas capitais e 16,5% nas regiões metropolitanas.

As informações reafirmam a avaliação crítica dos brasileiros em relação a diversos aspectos da política de privatizações empreendida no país nos últimos anos. Segundo analistas, durante as eleições gerais do país em 2006 essa agenda se mostrou rejeitada por boa parte da população. E agora, ironicamente, tal rejeição é reafirmada com a questão sobre a Vale em pesquisa encomendada justamente por um dos principais agentes da política de privatizações, o DEM (Democratas), antigo PFL.
A pergunta integrava levantamento de consumo interno dos Democratas, voltado a obter dados sobre a conjuntura política do país. Segundo nota publicada na coluna da jornalista Mônica Bérgamo na Folha de S. Paulo de quinta-feira (14), “o resultado, meio escondido entre várias outras perguntas do instituto GPP, está deixando deputados e senadores que tomaram conhecimento dos números de queixo caído”.
Além de ter gerado surpresa entre os parlamentares, a pesquisa também trouxe mais energia para os movimentos sociais e entidades do país que preparam para setembro deste ano a realização de um plebiscito popular sobre a privatização da Vale do Rio Doce, ocorrida em 1997. A empresa foi vendida à época por cerca de R$ 3,3 bilhões e hoje já possui valor de mercado de quase R$ 100 bilhões.
Alegando desde uma possível sub-avaliação no preço da empresa a problemas jurídicos no processo, inúmeras ações questionam a validade do leilão na Justiça, onde ainda aguardam julgamento, mais de dez anos após a privatização.

Os indícios de corrupção denunciados no processo de privatização estão agora confirmados e a disposição do país. A negociata da CVRD como de outras estatais, deverão vir a tona com a instalação da CPI das privatizações, aprovada recentemente no congresso nacional. Contudo o povo brasileiro não deve esperar pela implantação e conclusão da CPI para tomar as devidas providencias. As forças políticas que coordenaram a luta contra a privatização do deste valioso patrimônio publico precisam urgentemente rearticular a memorável campanha de 97 e exigir que a companhia seja devolvida ao Estado brasileiro e que os responsáveis pela maior negociata da historia republicana sejam levados as barras da justiça.

Reestatização já!



Por Jonathan Sampaio

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

MINISTRO DO ESPORTE ESTARÁ NESTA SEGUNDA-FEIRA NO RODA VIVA


O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., será o entrevistado do programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (6). A transmissão irá ao ar às 22h40.
O tema principal do programa será o balanço dos Jogos Pan-Americanos, realizados no mês de julho no Rio de Janeiro. Mas também estará em pauta as candidaturas brasileiras para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Para entrevistar o ministro, um dos principais quadro do PCdoB, foram convidados Álvaro José, comentarista de esportes olímpicos; Ferdinando Casagrande, editor-chefe da revista Lance A+, do diário Lance!; Soninha Francine, apresentadora e comentarista da ESPN Brasil, colunista do caderno de esportes do jornal Folha de S. Paulo e presidente do Instituto Gol Brasil; Denise Mirás, jornalista esportiva; Daniel Piza, editor-executivo e colunista do jornal O Estado de S. Paulo; Vladir Lemos, apresentador do programa Cartão Verde da TV Cultura. A apresentação do Roda Viva é de Paulo Markun.
FONTE: www.vermelho.org.br

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A VITÓRIA DE WAGNER É O MARCO DE UM NOVO CICLO NA BAHIA

Julieta Palmeira*

A relação da morte do senador Antonio Carlos Magalhães com o fim de um ciclo na política na Bahia, o fim de uma era, tem repetidas vezes sido apresentada pela mídia. Entretanto, a eleição de Wagner governador foi, de fato, a interrupção de um ciclo na política baiana
O grupo do senador Antonio Carlos Magalhães esteve à frente do governo do estado durante 30 anos, com um pequeno intervalo de um ano e meio com a eleição de Waldir Pires. Apoiado por uma frente ampla de nove partidos (PT, PCdoB, PSB, PV, PMDB, PMN, PRB, PPS e PTB), Wagner do PT, derrotou nas eleições de 2006, no primeiro turno, Paulo Souto, o candidato do senador Antonio Carlos que pleiteava a reeleição. A morte de ACM se dá num momento de derrotas cumulativas, sintomas de declínio do grupo político que liderava. ACM foi derrotado nas eleições para governador, tendo perdido anteriormente a eleição para a prefeitura de Salvador. Sem contar que nas eleições presidenciais, seu candidato Geraldo Alckmin não conseguiu impedir a reeleição de Lula e foi derrotado no seu reduto.

A eleição de Wagner pôs fim à hegemonia do ''carlismo'', como ficou conhecida a corrente política comandada pelo senador.
Uma conseqüência da morte de ACM é a desagregação entre seus aliados. Por outro lado, há possibilidade de recomposição das forças políticas no campo conservador. Na ausência de ACM, o PSDB, que está no mesmo campo programático neoliberal, tenderia a se aproximar do DEM, na medida em que foram razões regionais e, principalmente, divergências tendo como centro ACM, que ditaram o afastamento dessas legendas na Bahia. Em sentido contrário, estão o apoio que o PSDB deu ao candidato vitorioso Wagner nas eleições e a continuidade do apoio ao governador eleito.
A necessidade de um novo modelo de desenvolvimento baiano, cuja eleição de Wagner abre caminho, se choca com a idéia, veiculada em órgãos de imprensa, principalmente locais, de que ACM foi o modernizador e o grande impulsionador do desenvolvimento da Bahia.
As forças políticas lideradas por Antonio Carlos Magalhães foram o pilar do regime militar e a principal representação na Bahia da política neoliberal, do capitalismo de hoje. ACM reuniu em torno de si as oligarquias tradicionais e, ao mesmo tempo, se tornou o líder das forças econômicas emergentes, representando grupos econômicos poderosos, prioritariamente industriais e financeiros, com interesses próprios. O perfil do chamado carlismo não é o da direita ruralista, do coronelismo como em outros estados. Ele foi a alternativa conservadora às velhas oligarquias.
A opção de crescer a partir do incentivo ao grande capital e sem integração com o conjunto da economia, resulta em um desenvolvimento desigual e excludente. Desigual porque cria algumas ilhas de prosperidade com investimentos realizados com a participação do grande capital e excludente porque deixa de fora a maioria dos baianos que vivem em condições sociais não condizentes com a chamada modernidade. Dados oficiais em 2004, revelam que 53,1% dos baianos vivem em situação de pobreza; a renda média obtida no trabalho principal de maiores de 15 anos é de R$ 358,00 e representa apenas 55,6% da renda real média do trabalho no Brasil, que é de R$ 640,00; o percentual de indigentes na Bahia é o dobro do percentual brasileiro; e a taxa de analfabetismo é de 20,4%, muito acima da média nacional, que é de 11,2 %, em números absolutos são 2 milhões de analfabetos. O desempenho da economia baiana não se traduz em melhores condições de vida para o povo baiano.
Há muito a se fazer no rumo de um modelo de desenvolvimento econômico com desenvolvimento social.
A luta contra o monopólio da mídia na Bahia permanece atual. A doutora em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia, atualmente professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Suzy dos Santos, no artigo Coronelismo, Radiodifusão e Voto - A Nova Face de um Velho Conceito, elaborado em conjunto com Sérgio Capparelli da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, publicado no livro Rede Globo: 40 anos de poder e hegemonia detalha o monopólio da mídia construído por ACM. Familiares do senador e aliados fiéis são proprietários da Rede Bahia, que domina todos os segmentos de comunicações no estado, seis geradoras de TV aberta e 311 retransmissoras - todas afiliadas à Rede Globo; uma emissora de TV UHF; parte de operadora de TV a cabo da capital, com outorga também em Feira de Santana; parte de uma operadora de MMDS com outorgas na capital, em três cidades do interior da Bahia e em Petrolina-PE, afiliadas à franquia Net Brasil, também da Rede Globo; duas emissoras e uma rede de rádio FM; um selo fonográfico; uma editora musical; um jornal diário; uma gráfica; e uma empresa de entretenimento.
Esse monopólio propiciou as tentativas de mudar a face do autoritarismo para a face do amor pela Bahia, que foi veiculada intensamente nos últimos dias e que da mesma forma tentou omitir também o fato de que ACM estava em declínio do poder.

*secretária de Comunicação do PCdoB/BA